terça-feira, 20 de janeiro de 2009




Estado de Graça [ 10-10-2008 ]

Estou caminhando pela Praia de Graçandu, Rio Grande do Norte. Um lugar encantador, onde a luz faz moradia de uma forma como não há em nenhum outro lugar. Sim, a luminosidade possui uma presença quase mística por lá.

No final de tarde, na companhia do vento forte, do som das ondas e de um pequeno “maçarico” (pássaro que se alimenta de pequeninos crustáceos á beira mar) que parece seguir meus passos enquanto caminho, tive uma das experiências mais contemplativas dos últimos anos. Ao longo de quatro dias presenciei o que os antigos cabalistas chamavam de hitbodedut (isolamento). Esse isolamento era uma busca por destacar-se das rotinas exatas que nos condicionam e procurar uma descontaminação da mesmice do dia-a-dia. Podemos dividir esse “isolamento”, em diversas categorias, entre elas, sonora, sensorial e visual. Uma espécie de “retiro” existencial que todos deveriam fazer pelo menos uma vez por ano. Enquanto ando pelas areias de Graçandu, penso no estrangulamento visual há que estamos acostumados.

E penso que, da mesma forma como devemos cuidar das coisas que comemos e do ar que respiramos, deveríamos também estar atentos as paisagens que contemplamos. A pergunta que deveríamos nos fazer com freqüência: Com o que os nossos olhos se alimentam?

A verdadeira vivencia espiritual depende de uma combinação de fatores essenciais para a vida e uma busca pela graça, a beleza.
É fácil achar a graça em Graçandu, eu sei. Mas é possível fazer isso em muitos lugares, em paisagens virgens aos olhos.

Dedique um tempo, que seja, de sua vida para contemplar a beleza de novas paisagens, isso vale por muitas meditações. Caminhar ao som do mar contemplando os movimentos do pequeno maçarico que saltitava ao recuo das ondas e bicava a areia a procura de alimentos foi uma oração cheia de beleza e luz.

Coloque o colírio da vida em seus olhos, carregue suas energias de luz e verá como isso contribuirá para sua iluminação. Faça uma terapia visual buscando um período de conforto, beleza e conteúdo espiritual em suas paisagens.

Você se sentirá livre por um bom tempo. Foram tantos meses lutando com monstros e olhando para abismos que quase não me dei conta que o abismo depois de um certo tempo também começa a olhar para você.

Apaixone-se pela vida, alimente-se de novas paisagens.

Mario Meir

Fonte > http://www.academiadecabala.com.br/cronica.php

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