segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A unidade perdida de todas as coisas.


No princípio, tudo era uma coisa só e a diversidade do mundo e do homem ainda não existia. O caos primordial, potencialidade absoluta, é também unidade absoluta. E a criação foi a mutilação desta unidade. A diversidade, fonte do conflito, da perplexidade, da solidão, inaugurou a história das coisas.

O homem percebeu que a ordem cósmica é constituída por estes ciclos de conflito / aproximação, pelo qual a vida e o mundo se renovam, que é por esta dialéctica dos contrários que a realidade muda e permanece. É neste jogo de oposições e complementaridades que está a essência de tudo o que existe.

Todos estes elementos complementares e contraditórios participam num sistema maior, do sistema original do próprio universo. Deste ponto de vista, toda a diversidade se torna apenas aparência, porque todas as coisas partilham da mesma natureza e é a sua unidade, não a sua diversidade, a verdade substancial.

Assim, todas as culturas exploram, sob várias formas, a intuição da unidade fundamental de todas as coisas. Seja através do weltgeist de Hegel, do Logos de Heráclito, do άπειρον (o indeterminado, o ilimitado de Anaximandro), da natureza de Buda, ou do Tao.

Por muitos caminhos temos procurado a saída para esta angústia permanente, de sermos limitados e sós, de estarmos em confronto e dependência do outro. Lutando contra o outro (negando-o), amando-o (fundindo-nos com o outro), ou procurando apagar o eu, como forma de resolver a contradição com o outro.

Este foi o caminho trilhado, desde cedo, pelo budismo mayana, mas que atingiu uma subtileza de outro nível, quando entrou em contacto (em diálogo e em conflito) com o pensamento taoista, nos obscuros séculos V e VI da nossa era. Deste contacto de ideias - o mais profundo do inconsciente de um continente inteiro! - há de nascer a intuição universal (e universalista) do budismo zen.

Conta-nos o mito que Gautama Sâkyamuni, príncipe herdeiro de um pequeno reino do sopé dos Himalaias (que terá vivido cerca de 560 a 480 a.c.), atingiu a iluminação (despertar – Bodhi, donde budismo) aos trinta e cinco anos, após ter abandonado uma vida de luxo e prazeres, para se dedicar exclusivamente à meditação. Nesta sua súbita e espontânea intuição, Gautama conclui que a tudo é maya (ilusão), que a aparente diversidade e conflito do mundo que nos rodeia é ilusória, porque é impermanente, mutável, caótica, mesmo.

Assim, o homem está fechado no ciclo da acção (karma) e reacção, sob o véu de maya, desejando, agindo, sofrendo, morrendo e renascendo (o ciclo do samsara), afastado da contemplação da verdade. Vivemos, num estado de desejo e insatisfação perpétua.

De facto, nunca estamos satisfeitos, pois quando obtemos algo que desejávamos, logo novo desejo nasce dentro de nós. Perante a aparente mudança e conflito contínuos (à nossa volta, entre nós e connosco próprios), temos noção da nossa fragilidade, da nossa finitude, limitação e contingência. Assim, criamos necessidades para nos proteger e alhear da impermanência das coisas. Este estado de tensão permanente (dukha), torna-nos escravos dos nossos desejos, incapazes de ver a verdade, incapazes de ser felizes.

E a maior ilusão, a mais difícil de vencer (e especialmente para nós, ocidentais) é a ilusão do eu. Se, em essência, todas as coisas são uma e toda a diversidade, toda a separação é ilusória, também o nosso ser (atman) individual é ilusório. A personalidade individual é a grande fonte de dukha.

Assim, só pelo abandono de todos os desejos e, em última instância, pela negação da nossa própria individualidade conseguiremos contemplar a verdade, e abandonar o ciclo de nascimento-renascimento.

É preciso compreender que não se trata aqui de uma negação do eu no sentido negativo. Uma morte da personalidade. Não. O que se pretende atingir, nomeadamente através da meditação, é uma tranquila neutralidade, uma aceitação pacífica da existência, em última instância, um silenciar da confusão de pensamentos, angústias e preocupações que escondem de nós o absoluto.

E a verdade que se busca compreender é que partilhamos da natureza universal de todas as coisas. Todos somos – mesmo que o não vejamos – Buda.

A dificuldade em conseguirmos atingir esta verdade vem de ela ser demasiado simples e estar demasiado perto de nós (somos nós). A nossa perspectiva analítica do conhecimento, que passa sempre pela distância entre o observador e o observado, não nos permite derrubar esta barreira.

Estes termos não se aplicam de maneira nenhuma, pois, afinal, aqui estamos a falar da absoluta identificação entre sujeito e objecto de conhecimento. Logo, todo o discurso sobre o zen é inútil e inadequado, como diz o antigo provérbio: "Aqueles que sabem, não falam. Aqueles que falam, não sabem."

Assim, todos os termos explicativos que possamos empregar para descrever o despertar (em japonês satori) serão sempre impróprios. O budismo zen, na tradição taoísta procura antes um “apontar directamente”. Como cita Watts: “Fora do ensinamento; à parte da tradição. Não fundamentado em palavras e letras. Directamente apontando para a mente do homem. Aprofundando a natureza própria e alcançando o estado de Buda.”

Assim, no budismo zen, o despertar não se atinge através de nenhum longo caminho de exercícios penosos, esforços ou sacrifícios. Pretende-se extinguir o desejo e não apenas encaminhá-lo noutra direcção. Como escreve Seng-ts'an (o terceiro patriarca do budismo zen, morto em 606): “Segue a tua natureza e harmoniza-te com o Tao; / Avança calmamente e abandona as inquietações. / Se os teus pensamentos estão amarrados estragas o que é genuíno... / Não sejas antagónico ao mundo dos sentidos, / pois quando lhe não és antagónico / verificas ser ele o mesmo que o completo Acordar. / A pessoa sábia não se esforça / o homem ignorante ata-se a si próprio... / Se trabalhas a tua mente com a tua mente / como podes evitar uma imensa confusão?”

Assim, o despertar é, tal como na natureza, um processo que se realiza espontâneamente. Pelo não agir, pelo não pensar. “Sentando-se tranquilamente, nada fazendo.” (o za-zen) O satori é algo que surge subitamente, inesperadamente, como um relâmpago de iluminação. E os relatos falam-nos de mestres que atingiram o despertar nas circunstâncias mais prosaicas, trabalhando, comendo, passeando. Enfim, fazendo tudo o que nos é natural.

Esta ideia da iluminação súbita e inesperada, repete-se por muitas religiões. No cristianismo, Paulo de Tarso (São Paulo) é fulminado subitamente pela epifania na estrada de Damasco, Santo Agostinho passeia no seu jardim quando lhe surge surge um livro e a voz de deus que lhe diz: “Tolle. Lege”, (Toma. Lê.).

Da mesma forma, em todos os continentes, o transe místico dos xamãs, que lhes permite contactar com o mundo dos espíritos, é conseguido pela alienação do estado normal do homem. Pela dança obsessiva, pela ingestão de drogas, pela música (a mais poderosa das drogas!), mas sempre por uma transfiguração / anulação do individuo.

Os momentos de visão religiosa ou de iluminação são sempre súbitos e inesperados. São os momentos em que nos abandonamos e permitimos à nossa auto-consciência baixar a guarda. São sempre o passo que se dá de olhos fechados. Quando abandonamos o limites estreitos do eu para reencontrarmos a substancia universal das coisas. Quando resolvemos o conflito pelo abandono do eu pessoal e partilhamos o eu universal para reencontramos a unidade perdida de todas as coisas.

"Havia qualquer coisa de indeterminado
antes do nascimento do universo.
Esta qualquer coisa é silenciosa e vazia.
É independente e inalterável.
Circula por toda a parte sem nunca se fatigar.
Deve ser a mãe do universo."
Tao-te-king (XXV) - Lao-tze

Fonte > http://os-olhos-de-ulisses.blogspot.com/2007/04/recuperar-unidade-perdida.html

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A cristalização do ser


O conflito está no homem. A menos que seja resolvido ali, não poderá ser resolvido em nenhum outro lugar. O desafio político está dentro de você; ele acontece entre as duas partes da mente.

Há uma ponte muito pequena. Se essa ligação for rompida por algum acidente, por algum defeito fisiológico ou por alguma outra razão, a pessoa fica dividida: ela se tornará duas pessoas -- e o fenômeno da esquizofrenia ou personalidade dividida, se manifestará.

Se a ponte for rompida -- e é uma ponte muito frágil --, então você se transformará em dois, passará a agir como duas pessoas. Pela manhã, você é muito amável, uma pessoa encantadora; à tarde, está muito bravo, completamente diferente. Você não irá lembrar-se de como foi de manhã... e como poderia lembrar-se? Era uma outra mente que estava funcionando -- e a pessoa se transforma em duas pessoas. Se essa ponte for fortalecida o bastante para que as duas mentes deixem de ser duas e se tornem uma só, então acontecerá a integração, a cristalização.
Aquilo que George Gurdjieff costumava chamar de cristalização do ser é apenas a transformação dessas duas mentes em uma só, o encontro do masculino e do feminino dentro de nós, o encontro do yin e do yang, o encontro do esquerdo com o direito, o encontro da lógica com o ilógico, o encontro de Platão com Aristóteles.

Osho Ancient Music in the Pines Chapter 1
Comentário:

A imagem da integração é a união mística, a fusão dos opostos. Este é um momento de comunicação entre dualidades da vida, anteriormente vivenciadas. Ao invés da noite opondo-se ao dia, a escuridão suprimindo a luz, as polaridades estarão trabalhando juntas para criar um todo unificado, transformando-se ininterruptamente uma na outra, cada qual contendo a semente do seu oposto no seu âmago mais profundo.
A águia e o cisne são ambos seres alados e majestosos. A águia é a encarnação do poder e da solitude. O cisne é a corporificação do espaço e da pureza, flutuando e mergulhando com suavidade no elemento das emoções, totalmente satisfeito e realizado em sua perfeição e beleza.
Nós somos a união da águia com o cisne: macho e fêmea, fogo e água, vida e morte. A carta da integração é o símbolo da autocriação, da vida nova e da união mística, conhecida também como alquimia.

Fonte > http://acrediteemvoce.blogspot.com/2008_04_01_archive.html

A exigência natural da alma




O que é Deus ?

No livro A Verdade da Vida, tive o cuidado de colocar entre parênteses as palavras “nosso Pai” depois da expressão “Grande Vida do Universo”, para que todos pudessem compreender seu significado. A Grande Vida do Universo é a fonte de onde se originou a nossa Vida. Aquele que é gerado é filho, e aquele que gera é pai. Portanto, é adequado o uso da expressão “nosso Pai do Universo” quando nos referimos à Fonte de nossa Vida. E de onde teria se originado o “nosso Pai do Universo”? Ele nunca nasceu. Sempre existiu. Por isso, dizemos que Deus é eterno, nunca nasceu e jamais morrerá.

Somos dotados de vida infinita

Por existir em nós a Vida de Deus, continuamos a viver mesmo após a morte do corpo carnal. Integrada na corrente da Vida do Pai, nossa Vida segue pela eternidade. O budismo também vem pregando uma visão de Vida semelhante desde antigamente.

É uma visão correta. Nossa Vida transcende as experiências terrenas porque segue junto com o fluxo da Vida de Deus. A Vida de Deus flui no canal chamado “corpo humano” e, depois de um determinado período, sai desse canal.

Quando a Vida sai do corpo de uma pessoa, dizemos que ocorreu a morte. Mas a Vida não morreu; ela saiu do “canal” e continua a fluir eternamente. A Vida do ser humano continua a existir mesmo após abandonar o corpo carnal, porque está integrada na Vida do Pai, na Grande Vida do Universo.

Talvez vocês perguntem: tanto a Vida que passou pelo canal chamado corpo carnal como a que ainda não passou, ou seja, tanto a Vida que foi concebida e surgiu neste mundo como a que ainda não foi concebida, acabam perdendo as respectivas peculiaridades e tornam-se uma só ao retornar para junto da Grande Vida do Universo (o Pai que rege o Universo)? Não é assim. Cada Vida individual mantém sua identidade e, ao mesmo
tempo, está integrada na Grande Vida do Universo.

Se colocarmos um pouco de água do mar num frasco, a água adquire a forma desse recipiente. Enquanto estiver dentro do frasco, a água apresentará essa forma peculiar. De modo análogo, quando a Vida se aloja no corpo carnal, adquire individualidade. A água do frasco, ao ser devolvida ao mar, perde completamente a forma que havia adquirido. Com a Vida do ser humano ocorre algo diferente: mesmo ao retornar ao “oceano da Grande Vida”, ela mantém sua individualidade.

Se, após a morte física, a Vida do homem terminasse como a água de um copo jogada no mar, isto é, perdesse
completamente a individualidade, não teria sentido as pessoas nascerem neste mundo como indivíduos, e cada qual vivenciar diversas emoções, esforçar-se para acumular experiências e se desenvolver. Tudo isso seria inútil. Seria um absurdo acreditar que Deus faz com que nós nos esforcemos a vida inteira para depois anular todo esse esforço. Por exemplo, de que adianta eu, Taniguchi, haver nascido, crescido, estudado, passado por situações que só eu podia vivenciar e, finalmente, ter conseguido o enriquecimento espiritual e o aprimoramento pessoal se tudo isso for anulado no momento em que o meu corpo carnal deixar de existir? Não teria sentido as pessoas se esforçarem, acumularem experiências e melhorarem cada vez mais se nada disso valer no final. Se o fim fosse igual para todos, tanto para os que se esforçaram e acumularam conhecimentos, para os que levaram uma vida dissoluta como para os que se entregaram à apatia e destruíram a própria vida, chegaríamos à conclusão de que talvez fosse melhor desistir de fazer qualquer esforço e morrer logo para voltar ao seio da Grande Vida. Não, essa não pode ser a finalidade de nossa existência. No âmago de nosso ser existe a intuição de que a nossa individualidade permanecerá para sempre, e é por isso que o esforço constante para melhorar tem sentido. Seria desnecessária a busca do aprimoramento se as pessoas que se esforçam e as que não fazem nenhum esforço se tornassem uma só ao voltar ao seio da Grande Vida. E se, para alcançar a iluminação, bastasse integrar-se à Grande Vida do Universo, seria melhor apressar-se a morrer do que perseverar nos esforços. Obviamente, essa idéia é absurda.

A exigência natural da Alma

Todos nós sentimos na alma a exigência natural de estabelecer uma clara diferença entre uma pessoa que se entrega à devassidão e acaba destruindo a si própria e outra que se esforçou constantemente até alcançar a iluminação espiritual. Essa exigência natural é tão lógica quanto a lei matemática que determina que dois são dois e não três. Nossa alma intui o que é correto e o que é errado, e essa intuição não falha. Por isso, sentimos o anseio natural, a necessidade premente, de nos aprimorarmos cada vez mais, e nos esforçamos para atender a essa necessidade. E, na busca do aperfeiçoamento, o que a nossa alma intui como sendo correto está de acordo com a Verdade. A alma é superior ao corpo. Portanto, não há dúvida de que ela não se extingue com a morte física.

Porque o homem não deseja a morte

A exigência natural da alma é o anseio por algo cuja existência o ser humano intui por meio da cognição transcendental.

Ninguém quer morrer. O desejo de viver é inerente a todo ser humano. Algumas pessoas dizem que querem morrer e tentam o suicídio. Mas, na verdade, elas também desejam viver; amarguradas com as circunstâncias que não lhes permitem viver da maneira como gostariam, recorrem ao ato extremo pensando em acabar com sua angústia. Pode-se dizer que é uma manifestação distorcida do desejo de viver plenamente. O desejo de viver é um anseio latente no âmago de nosso ser; trata-se de algo inato, transcendental, e não algo que se adquire pela experiência. Nossa essência é a Vida, e a Vida é uma energia que deve ser manifestada. Por isso, é inerente em todos o desejo de viver.

O desejo de progredir

O desejo de progredir também é inerente ao ser humano. Os meios para progredir na vida variam conforme as pessoas. Existem jovens que se dedicam aos estudos visando obter boas notas, moças que desejam encontrar um bom partido e constituir família, homens que querem conseguir um bom emprego e fazer sucesso na carreira. Há também os que preferem aperfeiçoar-se nos estudos a empenhar-se na carreira profissional.

São diferentes manifestações do desejo de se aprimorar, de evoluir. Se lhes perguntarem: “Por que querem progredir?”, não saberão explicar prontamente o motivo e dirão que simplesmente sentem necessidade de melhorar. Isso prova que o desejo de progredir é algo inato, ou seja, é uma exigência natural que vem do âmago da Vida, e nesse fato existe um significado profundo. Sabemos que, com o aprimoramento, nossa Vida adquire maior valor — em outras palavras, o aprimoramento implica aquisição de valor e nunca é inútil. Por isso, desejamos nos aprimorar. Pode-se apresentar diversos argumentos ou teorias a respeito do desejo de progredir. Mas o ponto fundamental é reconhecer que todos trazem latente em si esse desejo, tendo ou não consciência disso. Até mesmo vermes ou insetos aparentemente inúteis possuem o impulso de se desenvolver. E é por isso que ocorre o processo de evolução. Por que existe em todas as pessoas o desejo de progredir? Se o progresso conquistado nesta vida fosse anulado totalmente com a morte física, não seria lógico as pessoas sentirem a necessidade íntima ou o impulso natural de progredir. Se as pessoas são movidas por essa necessidade, esse impulso, é porque elas sabem, a priori, que o valor pessoal adquirido com seu progresso e seu aprimoramento nesta vida jamais será anulado.

Cada um de nós vive como um indivíduo, passa por experiências e treinamentos peculiares, acumula méritos e conquista o valor pessoal. É inconcebível que esse valor seja anulado com a morte do corpo carnal. O lógico é cada um conquistar o valor próprio, de acordo com seu grau de progresso: quem avançou dez passos deve obter o valor correspondente a esse empenho; quem avançou trinta passos, o valor correspondente a esse esforço, e assim por diante. Podemos afirmar que os valores peculiares que cada pessoa conquistou com esforços próprios passam a fazer parte da sua Vida individual, a qual não se extingue com a morte física; e que, por termos consciência disso, empenhamo-nos na busca do aprimoramento pessoal. Assim, considerando tanto o ponto de vista filosófico como o da ética prática, afirmamos que a Vida com características pessoais continua a existir mesmo após a morte do corpo.

(Fonte: A Verdade, vol. 5) - Do livro Você é Dono de Potencialidade Infinita pp. 48-53

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A História das coisas.



Você já se perguntou de onde vêm e para onde vão as coisas que consumimos? Até quando vai existir matéria-prima? O documentário A História das Coisas esclarece bem a situação.

Parte 1

http://www.youtube.com./watch?v=jROc509oYkw&feature=related

Parte 2

http://www.youtube.com./watch?v=lDED73H3CHc&feature=related

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Om


Na Índia, o mantra Om está em todas partes. Hindus de todas as etnias, castas e idades conhecem perfeitamente o seu significado. Ele ecoa desde a noite das idades em todos os templos e comunidades ao longo do subcontinente.

Om é a vibração primordial, o som do qual emana o Universo, a substância essencial que constitui todos os outros mantras, sendo o mais poderoso de todos eles. Ele é o gérmen, a raiz de todos os sons da natureza.

Com Om vamos até o fim o silêncio de Brahman (o Absoluto). O fim é imortalidade, união e paz. Tal como uma aranha alcança a liberdade do espaço por meio de seu fio, assim também o homem em contemplação alcança a liberdade por meio do Om.

Como fazer a vocalização correta sem nunca haver escutado este mantra da boca de alguém que sabe? O mantra se faz numa exalação profunda, e sempre em ritmo regular. Após a exalação vem uma inspiração nasal prolongada. Não pode haver tremor na voz ao repetir o mantra. A nota musical em que se emite o som não interessa em absoluto. É aquela que resultar mais natural para você. Quando houver mais pessoas junto, todos devem tentar afinar-se.

O Om começa com a boca aberta, emitindo um som mais parecido com um A, mantendo a língua colada no fundo da boca e a garganta relaxada. O som nasce no centro do crânio, se projeta para frente e vibra na garganta e no peito. Após alguns segundos de vocalização, a língua deve recolher-se para trás. Assim, aquele som similar ao A, se transforma numa espécie de O aberto, que vai fechando progressivamente.

No final, sem fechar a boca, a língua bloqueia a passagem de ar pela garganta e o som se transforma em um M, que em verdade não é exatamente um M, mas uma nasalização. Esta nasalização se chama anunásika em sânscrito, que significa literalmente com o nariz, e deriva da palavra násika, nariz. Mais claro, impossível. Em verdade, o mantra poderia grafar-se Aoõ. Neste ponto, o ar sai pelas narinas e o som vibra com mais intensidade no crânio. Aconselhamos que você treine colocando uma mão no peito e a outra na testa para perceber como a vibração vai subindo conforme o mantra evolui.

Porém, se você prestar atenção à vibração que acontece durante a vocalização, perceberá que ao emitir a letra o inicial (que começa como um A, não esqueça), a nasalização do M já está contida nela. Ou seja, é um som que se faz com o nariz, e não uma letra M. Ao perseverar na vocalização, você sentirá nitidamente que a vibração se origina no centro da cabeça e vai expandindo até abranger o tórax e o resto do corpo. Resumindo, o Om começa com a boca aberta e termina com ela entreaberta.

Fonte > http://pt.wikipedia.org/wiki/Om